Hepatite C é a inflamação do fígado causada pela infecção pelo
vírus
da hepatite C (VHC ou
HCV), transmitido através do
contato com sangue contaminado. Essa inflamação ocorre na maioria das pessoas
que adquire o vírus e, dependendo da intensidade e tempo de duração, pode
levar a cirrose e câncer
do fígado. Ao contrário dos demais vírus que causam hepatite, o vírus da
hepatite C não gera uma resposta imunológica adequada no organismo, o que faz
com que a infecção aguda seja menos sintomática, mas também com que a
maioria das pessoas que se infectam se tornem portadores de hepatite crônica,
com suas conseqüências a longo prazo.
Apesar do altíssimo número de contaminados, alguns fatores de risco são
considerados mais importantes e todas as pessoas com eles devem ser devem ser
testadas, pelo alto risco da doença.
Fatores de risco: usuários de drogas endovenosas, receptores de fatores de coagulação antes de 1987, receptores de transfusão sanguínea e transplantes de órgãos antes de 1992, hemodiálise, filhos de mães soropositivas, parceiros de portadores de HIV, crianças com 12 meses de idade e mães portadoras de HCV, profissionais da área da saúde vítimas de acidentes com sangue contaminado.
Apesar
dos esforços em conter a epidemia atual, especialmente com a realização de
exames específicos em sangue doado, a hepatite C é uma epidemia crescente.
Estima-se que a prevalência (número total de casos) só atinja o seu pico em
2040 e, à medida que o tempo de infecção aumenta, que a proporção de novos
pacientes não tratados com cirrose dobre até 2020. Assim, medidas adicionais
de prevenção e tratamento precisam ser tomadas antes disso, ou nas próximas
décadas a epidemia de hepatite C atingirá complicações na saúde
pública a níveis insustentáveis.
Diferentemente das hepatites A e B,
a maioria das pessoas que adquirem a hepatite C desenvolvem doença crônica e
lenta, sendo que a maioria (90%) é assintomática ou apresenta sintomas muito
inespecíficos, como letargia, dores musculares e articulares, cansaço,
náuseas ou desconforto no hipocôndrio direito. Assim, o diagnóstico só
costuma ser realizado através de exames para doação de sangue, exames de
rotina ou quando sintomas de doença hepática surgem, já na fase avançada de cirrose.
Além dos sintomas relacionados diretamente à hepatite, o vírus pode
desencadear o aparecimento de outras doenças através de estimulação do
sistema imunológico: crioglobulenemia mista, profiria cutânea tarda, glomerulonefrite membranoproliferativa, poliarterite nodosa, linfoma de células B, fibrose pulmonar idiopática.
O principal método diagnóstico para a hepatite C continua sendo a
sorologia
para anti-HCV pelo método ELISA, sendo que a terceira geração deste exame, o
ELISA III, tem sensibilidade e especificidades superiores a 95% (com valor
preditivo positivo superior a 95%). Após a
infecção, o exame torna-se positivo entre 20 e 150 dias (média 50 dias).
Pela alta confiança do exame, o uso de sorologia por outro método (RIBA) só
deve ser utilizado em suspeitas de ELISA falso positivo (pessoas sem nenhum
fator de risco). O resultado falso positivo é mais comum em portadores de
doenças autoimunes com auto-anticorpos circulantes, além de indivíduos que
tiveram hepatite C aguda, que curaram espontaneamente mas que mantêm a
sorologia positiva por várias semanas. Por outro lado, o exame também pode ser
falso negativo em pacientes com sistema imunológico comprometido.
Nos raros casos em que a hepatite C é descoberta na
fase aguda, o tratamento está indicado por diminuir muito o risco de
evolução para hepatite crônica, prevenindo assim o risco de cirrose e
câncer. Usa-se para esses casos o tratamento somente com interferon por 6
meses.
O tratamento da Hepatite Crônica C vem
alcançando resultados progressivamente melhores com o passar do tempo.
Enquanto até há poucos anos alcançava-se sucesso em apenas 10 a 30% do
casos tratados, atualmente, em casos selecionados, pode-se alcançar até
90% de eliminação do vírus (Resposta Viral Sustentada). Utiliza-se uma
combinação de interferon (“convencional” ou peguilado) e ribavirima, por
prazos que variam de 6 a 12 meses (24 a 48 semanas). O sucesso do
tratamento varia principalmente conforme o genótipo do vírus, a carga
viral e o estágio da doença determinado pela biópsia hepática.
Pacientes
mais jovens, com infecção há menos tempo, sem cirrose, com infecção
pelos genótipos 2 e 3 e com menor carga viral (abaixo de 800.000
Unidades/mL) tem as melhores chances de sucesso.
O novo tipo de interferon, chamado interferon peguilado ou
“peg-interferon” é uma alternativa que vem alcançando resultados algo
superiores aos do interferon convencional especialmente para portadores
do genótipo 1 e pacientes com estágios mais avançados de fibrose na
biópsia.
Os efeitos indesejáveis (colaterais) dos
remédios utilizados em geral são toleráveis e contornáveis, porém,
raramente, são uma limitação à continuidade do tratamento. A decisão de
tratar ou não, quando tratar, por quanto tempo e com que esquema tratar
são difíceis e exigem uma avaliação individualizada, além de bom
entendimento entre o paciente e seu especialista.
Novas alternativas terapêuticas vêm surgindo
rapidamente na literatura médica. Além de novas medicações, a adequação
do tempo do tratamento a grupos de pacientes com características
diferentes poderá melhorar ainda mais os resultados alcançados com as
medicações atualmente disponíveis. Estudos vêm mostrando que, para
alguns pacientes, com características favoráveis, tempos mais curtos de
tratamento possam ser suficientes, enquanto que pacientes com menor
chance de resposta e, possivelmente, aqueles que não responderam a
tratamentos anteriores, possam se beneficiar com tempos maiores de
tratamento.
A prevenção da hepatite C é feita pelo rigoroso controle de qualidade
dos bancos de sangue, o que no Brasil, já ocorre, tornando pequeno o
risco de adquirir a doença em transfusões. Seringas e agulhas para
injeção de drogas não podem ser compartilhadas. Profissionais da área da
saúde devem utilizar todas as medidas conhecidas de proteção
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