quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Hepatite Alcóolica

A Hepatite Alcoólica é uma síndrome inflamatória progressiva do fígado relacionada à ingestão crônica de grandes quantidades de etanol. Os pacientes afetados podem apresentar febre subaguda, hepatomegalia, leucocitose e manifestações de hipertensão portal. Contudo, nas formas mais leves, boa parte dos casos de hepatite alcoólica é completamente assintomático.

As mulheres são mais suscetíveis que os homens aos efeitos adversos do álcool, desenvolvendo hepatite alcoólica após períodos mais curtos e ingestão de quantidades menores de etanol. Além disso, a hepatite alcoólica também evolui mais rapidamente nas mulheres. Calcula-se que a quantidade mínima de etanol necessária para desenvolver cirrose seja de 40g para homens e 20g para mulheres com mais de 15-20 anos de idade.
Pacientes com hepatite alcoólica que não abandonam o etilismo fatalmente evoluem para cirrose. O prognóstico a longo prazo depende grandemente da interrupção da ingestão de etanol. Aproximadamente 15-50% dos casos de hepatite alcoólica aguda hospitalizados evoluem para óbito. 
A coexistêncis de Hepatites B e/ou C aumentam a severidade da Hepatite Alcóolica.

As principais lesões hepáticas pelo etanol são esteatose, HA, cirrose e fibrose perivenular. A esteatose é causada pela deposição de gorduras dentro das células do fígado, os hepatócitos, sendo consideradas lesão predisponente para a HÁ e, esta é considerada lesão pré-cirrótica.  
Além das lesões hepáticas diretas, o alcoolismo acaba por levar a deficiências nutricionais já que os alcoólatras freqüentemente obtém 50% de suas calorias do etanol, deixando de consumir alimentos que supram suas necessidades de proteína, tiamina, folato e piridoxina.  
As manifestações clínicas da HA podem variar da forma assintomática até a formas graves. Os sinais e sintomas mais comuns são: aumento do fígado, icterícia, anorexia, perda do apetite, tumores, emagrecimento, febre e dor abdominal.  
Além das lesões hepáticas, o álcool pode afetar outros órgãos como coração, pâncreas e sistema nervoso, podendo levar a arritmias cardíacas, pancreatite crônica e atrofia testicular. 

Na maioria dos pacientes, a hepatite alcoólica é leve e o prognóstico a curto prazo é bom, dispensando o emprego de medidas terapêuticas específicas. Obviamente, a ingestão etílica deve ser sempre desestimulada. A preocupação com o status nutricional é uma constante, recomendando-se a suplementação com vitaminas e sais minerais, incluindo folato e tiamina. A coagulopatia, se presente, deve ser tratada com vitamina K por via intramuscular.
Cerca de 50% dos pacientes com hepatite alcoólica aguda grave evoluem para óbito durante os primeiros 30 dias de evolução do distúrbio. O maior fator preditivo de mortalidade no curto prazo é a presença de encefalopatia hepática. Estes casos podem se beneficiar de abordagens direcionadas para a redução da lesão, intensificação da regeneração e supressão da inflamação hepática. Os glicocorticóides são os fármacos mais comumente empregados para este propósito. No longo prazo, os objetivos terapêuticos incluem melhora da função hepática, prevenção da progressão para cirrose e redução da mortalidade. Apenas a abstinência alcoólica é capaz de resultar em benefícios nestes três pontos.
tratamento medicamentoso da hepatite alcoólica é recheado de controvérsias. Após décadas de pesquisas intensas, ainda não existe um consenso sobre o papel de outras drogas além dos glicocorticóides.
A restrição protéica está indicada apenas nos pacientes com encefalopatia hepática severa, uma vez que a restrição prejudica a regeneração e piora ainda mais a função hepática. Mesmo na presença de encefalopatia, pode-se permitir que o paciente consuma no mínimo 60-100g de proteína por dia. A restrição salina pode ser necessária em paciente com ascite.
O transplante hepático ortotópico vem sendo amplamente utilizado em pacientes com hepatopatia terminal. Entretanto, a maioria dos pacientes com hepatite alcoólica em atividade é excluído dos protocolos de transplante devido ao abuso alcoólico. Boa parte dos serviços exige um período de abstinência mínimo de 6 meses antes de se considerar a possibilidade de transplante.
Pacientes com hepatite alcoólica associada a cirrose – especialmente aqueles com hepatite B ou C concomitante – devem ser avaliados periodicamente devido ao risco de carcinoma hepatocelular. A maioria das complicações da hepatite alcoólica é idêntica ao observado na cirrose, e incluem hemorragia por varizes esofagianas, encefalopatia hepática, coagulopatia, trombocitopenia, ascite, peritonite bacteriana espontânea e sobrecarga de ferro.


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